sexta-feira, 24 de junho de 2011

Historias da gravação do Bagagem (3)

Quando eu comecei a contar essa historia, minha intenção era contar esses fatos que ocorreram  no primeiro dia de gravação,  no estúdio do Fabinho. Mas, à medida que eu ia me lembrando das coisas, vieram à memória outras informações sobre o processo da gravação que precisavam ser contadas antes. Mas acho que cobri essas bases nas “Historias da gravação do Bagagem” 1 e 2 (postagens mais antigas). Vamos lá.
Convidei o Fabinho para participar do disco numa  participação que eu fiz num show deles (Detonautas), no Circo Voador (RJ) no início de 2010.  Fiquei trabalhando nos arranjos e nas composições que faltavam durante o primeiro semestre.
Finalmente preparei o material e coloquei todas as bases-guia num CD com os andamentos indicados .  E fiquei esperando um dia em que a agenda do Fabinho e a minha permitissem esse encontro. O Renato fez essa ponte.  Marcamos para o dia 19 de novembro de2010.
O técnico que ia nos auxiliar no processo era Rodrigo Vale, o mesmo que  tem  operado o PA dos Detonautas nos shows mais recentes. Ele foi comigo, de carro, até lá.
Como o condomínio em que o Fabinho mora é meio escondido, marcamos com o Renato, que já estava lá,  para nos guiar até o estúdio. Via celular fomos coordenando os horários e o ponto de encontro. Não preciso nem dizer que eu passei direto e não vi o carro do Renato, mas acabou dando tudo certo e conseguimos chegar no condomínio.
Quando abrimos o portão da casa, o Renato foi o primeiro a entrar e viu um lagarto enorme andando em direção à casa. Eu, que estava logo atrás, só ouvi o barulho do bicho se arrastando e percebi que era pesado, mas não tinha conseguido ver nada. O Renato falou que ele já tinha entrado no estúdio, na parte da técnica (onde fica o PC, mesa e periféricos), ou seja, exatamente onde eu iria trabalhar. Confesso que não me sinto muito a vontade, para dizer o mínimo, trabalhando lado a lado com um lagarto que, aliás, não entendia nada de música. Enfim, teríamos que tentar tirar o bicho de lá para trabalharmos em paz. Mas vocês não fazem  idéia do que são 4 caras criados na cidade, cultos e tudo mais quando se deparam com  um “inocente animalzinho” deslocado de seu ambiente.  O lagarto se escondeu no meio dos equipamentos e fios. Espanta o bicho pra lá, pra cá, corre pra lá corre pra cá, conseguimos que ele saísse de seu esconderijo e eu finalmente pude ver a “dimensão do problema”- era enorme.
Finalmente conseguimos espantá-lo da técnica. Logo na saída da técnica tem, à esquerda, a porta de saída e, à direita, a escada que leva a um pequeno hall e à parte do estúdio que fica a batera, os amps, etc. Não é que o maldito animal, apesar de tentarmos espantá-lo para a esquerda, virou para a direita e desceu a escada. E agora? Ele estava, justamente no caminho que precisaríamos percorrer inúmeras vezes durante a gravação, principalmente o Fabinho. Ele era o mais desconsolado: “com  esse bicho aí  não dá pra a gente trabalhar.” 
E o tempo passando...
Aí é que a “sessão três patetas” realmente começou, aliás três, não, 4 patetas, pois me incluo nas trapalhadas para tirar o bicho de lá. Mas, só para vocês não ficarem pensando que é frescura, vejam o tamanho da criatura.
 Voces já viram um lagarto SUBIR escada?? Eu também não. E fiquei pensando que realmente deva ser muito dificil para ele, sem ajuda, fazer isso. 
A "situação limite" era essa:
Depois de ligar para Corpo de Bombeiros, Ibama, uma bióloga amiga, ficamos tentando convencê-lo a subir num saco de aniagem para, puxando o saco (no sentido literal) trazê-lo escada acima. Mas esquecemos de combinar isso com o lagarto. E a amiga bióloga dizendo, pelo telefone, que o bicho estava muito estressado, e eu?!?! Tudo parecia que daria certo até o terceiro degrau , aí o bicho se soltou e começou a fazer uns barulhos estranhos e chicotear com a cauda. Não preciso dizer que foi uma correria só. Quatro marmanjos correndo daquela fera perigosíssima.  Não adiantava nada saber que o bicho não era venenoso, a cada tentativa frustrada e uma nova manifestação “animalesca” era uma nova correria, seguida de uma longa gargalhada. 
E o tempo passando...
Depois de uma das correrias o Fabinho sumiu. Temi que ele tivesse cansado da brincadeira de correr do lagarto. Depois de um longo período, ele apareceu com um empregado do condomínio, um jardineiro ou algo assim., um nordestino muito bem humorado. Seria nossa ajuda?
O Fabinho levou o cabra até o hall e, mostrando o lagarto , o instruiu do problema e, no fim, perguntou:” Olha só, que encrenca! como faço?” – “COZIDO!” – respondeu de bate-pronto o cabra. Mas depois da gargalhada ele, simplesmente, foi embora e, pior, não levou sua eventual refeição.
E o tempo passando...
Pensamos então em restringir o espaço do bicho para ele, pelo menos, não impedir nossa circulação na escada. Pegamos um estojo de bumbo (peça de bateria) e bloqueamos seu acesso. Isso até uma solução melhor, Corpo de Bombeiros ou algo assim.
De repente chegou outro empregado do condomínio (acho) que parecia mais disposto a resolver nosso problema.
Ele olhou o bicho, deu a volta por trás dele, e, rapidamente o pegou pelo pescoço e, com a outra mão, o início da cauda, para ele não poder chicotear com ela. Em 30 segundos ele resolveu o problema que nós  não conseguimos ao longo de nervosas e engraçadas duas horas! Irônico, não?
 Olha a tranquilidade dele ao segurar o animal. Parece um filhote desdentado de jacaré, não?
Depois disso, finalmente pudemos começar o trabalho.
Começamos a ajustar o som da batera, microfone por microfone. Nesse caso eram11. O estúdio é muito bem aparelhado, um bom espaço e já estava tudo preparado. Fizemos apenas alguns ajustes finos para as músicas que iríamos gravar. E o trabalho rolou legal.
Começamos pela música Noite fria , um blues menor de minha autoria. 
Tenho algumas imagens em video, vou tentar postá-las.
Até a próxima.


4 comentários:

  1. "Parece um filhote desdentado de jacaré, não?"
    Quem?

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  2. nossa, que aventura! Que bom que deu tudo certo!
    Parabéns pelo blog!

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  3. Marcio,
    É "o que", não "quem"? rsrsrs
    Thais,
    acabou dando tudo certo. Valeu!

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