sexta-feira, 27 de maio de 2011

Historias da gravação do Bagagem (2)

A evolução dos computadores pessoais  possibilitou uma verdadeira revolução nos meios de se gravar com qualidade um  trabalho musical.
Há coisa de uns vinte anos atrás, os custos para se alugar um estúdio de gravação eram, de forma geral, proibitivos para um artista ou banda que estava começando. Só as gravadoras tinham cacife para arcar com esses custos.
O que os artistas tinham acesso eram, por ordem cronológica:
gravadores cassete 4 pistas (Tascam, Fostex, Yamaha...)
gravadores de rolo multipista (Fostex e Tascam)
ADAT (gravador digital fabricado pela Alesis de oito pistas - fita)
Desses aí de cima eu só não tive o ADAT, depois do rolo 8 pistas, comecei a me aventurar nas gravações em PC.
Em minhas primeiras gravações eu usei dois programas sincronizados, o Sawplus (para o audio) e o Cakewalk (para o Midi). Soa complicado e era mesmo, eu tinha que ligar um cabo midi por fora conectando a placa de sinc à entrada midi. Mas, por mais estranho que pareça, funcionava!
Porém o áudio distorcia com  muita facilidade e eu tinha que gravar sempre num nível mais baixo para evitar o problema. A qualidade de som dos instrumentos midi também comprometia o resultado. Mas, mesmo assim, era uma ferramenta excelente para fazer e testar arranjos. Uma das grandes vantagens do sistema é que você pode adicionar quantas faixas julgar necessário para gravar quantos instrumentos quiser, limitado  apenas pela capacidade de processamento e memória da máquina. Só isso já é uma enorme vantagem em relação aos quatro ou oito pistas de fita anteriores.
Dos anos 90 para cá o hardware dos PC´s aumentou sua performance exponencialmente. E, além disso, seu preço também caiu. No lado dos softwares também foi feito muito progresso com o desenvolvimento de programas para esse nicho como o Sonar, Pro-tools, Logic, etc O Sonar é uma evolução direta do Cakewalk.
Eu sou adepto da máxima: “o melhor programa é aquele que você sabe fazer funcionar”. Porque, para mim, o tempo que se perde para aprender a mexer em um  novo programa é tempo criativo que está sendo desperdiçado.
As gravações do meu primeiro disco Carlos Café& Os Mestres do Blues e do Bagagem Código Blues foram  90% feitas no Sonar. As baterias que foram gravadas nos estúdios do Guto Goffi e do Fabio Brasil foram feitas no Logic e no Pro-tools, mas toda a edição, gravação de guitarras, baixo, voz e todos os outros instrumentos foram  realizadas no Sonar.
Para gravar em multipista, normalmente se começa pela bateria e depois vão-se adicionando os outros instrumentos. Para o baterista gravar com o sentido correto da música, os outros músicos tocam  junto com o baterista. Essas gravações de apoio se chamam guias., que, posteriormente, vão ser apagadas e substituídas pelas gravações finais desses instrumentos. Foi assim que eu gravei o “Mestres”. Ensaiamos um pouco com o Guto e gravamos as baterias e as guias no seu estúdio.
Para o Bagagem, gravei três faixas usando essa mesma técnica com o Gil Eduardo, no meu estúdio, com eu e Pedro Peres fazendo as guias.  Mas a limitação do espaço físico daqui tornou o processo bem complicado. Mas como as três faixas eram músicas que já tocávamos ao vivo há algum tempo, acabou dando certo.
Mas quando eu convidei o Fabinho (Fabio Brasil – Detonautas) a abordagem  teria que ser diferente porque não teríamos tempo para ensaiar as músicas.
Fiz um bom “rascunho” das músicas, já com  os arranjos e dinâmicas e levadas definidas, solos e voz já no formato final, enfim, tudo para induzir a percepção imediata da proposta da música que seria gravada “na hora”. Trabalhei uns dois meses nessa etapa de preparação dos arranjos. Alguns dos solos que estão na versão final das músicas foram feitos nessa etapa.
Depois eu contei com a sensibilidade e precisão do Fabinho e também com a minha regência narrando antecipadamente que parte da música viria a seguir. O esquema funcionou.
As bateras estão com um belo feeling e com boa sonoridade.
Depois vou contar uma história engraçada dessas sessões.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Show em Piracicaba

Essa apresentação foi em Março, no Sesc de Piracicaba. A cidade é muito interessante, é cortada por um rio e tem uma queda d´água perto do centro da cidade. É um lugar muito agradável, assim como as pessoas.
Good vibe!!
vista geral do palco

"007" incendiando
A minha "009" de estimação, desta vez, na reserva.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Historias da gravação do Bagagem (1)

Comecei a trabalhar nesse projeto no ano passado.

Na primeira etapa gravamos as baterias das músicas novas que já tocávamos nos shows. Só uma era autoral.
Essa gravação foi feita no meu estudio. A sessão foi realizada no dia seguinte ao show do BB King aqui no Vivo Rio. Lembro porque ainda estava meio cansado da virada, mas como quem tinha mesmo que tocar bem  era o Gil... Nas semanas seguintes fiquei editando as trilhas da batera no computador. Voces não fazem idéia do trabalho que dá isso.
 Durante um tempo fiquei meio sem ação esperando o resultado de uns contatos de captação de recursos e selos, mas como a coisa não decolou, resolvi tocar o barco pra frente.
Em agosto iniciei o processo de composição das músicas. Meu processo de compor é meio doido, eu meio que "encomendo" uma idéia à cabeça e daqui a pouco ela, aos poucos, vai aparecendo. A idéia da primeira música veio com uma faixa do disco de Joe Bonamassa, Mountain time, uma balada lindíssima que ele toca ao vivo divinamente. Depois da primeira música escrita, Eu sonhei, comecei a vislumbrar um conceito e a historia que eu queria contar nesse disco. Me veio a idéia de contar um pouco das minhas vivências musicais e pessoais. Essas coisas estão sempre interligadas. Daí o nome Bagagem Código Blues.
Fiquei uns dois ou tres meses compondo, fazendo os arranjos no PC e gravando versões demo das músicas.
O PC é uma ferramenta excelente para isso. Voce imagina o arranjo e, após algum trabalho, pode ouvir "a banda" e ir fazendo modificações facilmente. Alguns dos solos que irão para a versão final do cd foram feitos ainda nessa etapa.
Desenvolvi um compartimento isolado para poder gravar bem minha guitarra.
Os amplificadores valvulados, que produzem o melhor som para a guitarra, só "cantam bonito" quando voce sobe o volume. Aí as válvulas saturam e voce consegue aquele som de distorção harmônica que marcou o sucesso desse instrumento. Mas esse volume além de provocar o meu posterior despejo de meu apartamento, também incomoda os ouvidos se voce está no mesmo ambiente que o falante e o microfone.
Aí eu tive a idéia de usar o meu "banheiro/depósito" para ser uma "cabine de gravação de guitarra". Um upgrade danado no status do banheiro, não?
O que eu fiz foi colocar uma prateleira articulada com dobradiças na parede e isolá-la com painéis de lã de rocha. A porta do banheiro já tinha algum isolamento, com eucatex acústico e compensado, a eles eu acrescentei mais um painel de lã de rocha. Nessa prateleira vão a caixa de som (ligada ao amplificador que eu estiver usando, e o microfone (ligado ao PC). Para quem se interessa: os mic usados foram o Shure Beta SM57, Shure SM57 e o Nady DM70. Os falantes: Jensen C12N, Weber 12A125A e 12F150. E os amps: Fender Hot Rod De luxe, Peavey Classic 30 e Pedrone 5F4 vintage e Pro V.
Coloquei algumas imagens pra voces terem uma idéia do esquema.



Na etapa seguinte pude contar com a participação especialíssima de Fabio Brasil, batera dos Detonautas.
Depois eu conto mais.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Fotos para o disco

Essa é a provavel foto para a capa
 Essa para o verso da capa. Mostra o estudio onde eu realizei a maioria das gravações